Rua do Saco

Junho 08 2012

Não sei se a Selecção de Portugal vai perder com a Alemanha, a Holanda e a Dinamarca e se vai ser eliminado na fase de grupos.

 

Não sei, embora tenha uma idéia do que se vai passar.

 

Mas o que não entendo é o coro de indignação que se levantou contra as declarações do Manuel José.

 

 

 

Até parece que o Manuel José vai ser o culpado de tudo o que a Selecção fizer de mau.

 

Entendamo-nos!

 

Mais uma vez, alguém tem que gritar que o Rei vai nu!

 

Um pouco de bom senso faz sempre bem!

 

Subscrevo totalmente, com apreço e respeito pela sua frontalidade, as palavras do experiente treinador.

 

A verdade, muitas vezes, é incómoda!

 

Não poderia estar mais de acordo!

 

Na altura em que o Real Madrid comprou o Cristiano Ronaldo ao Manchester United, comentei, junto de alguns amigos que consideravam exagerada e indecorosa a verba envolvida, que até podia ser que o preço poderia ter sido baixo. Hoje, provávelmente, até poder haver muito boa gente que ache que foi uma pechincha para o Real Madrid.

 

Não tenho nada contra o que ganham os grandes craques do futebol.

 

Que gastem o seu dinheiro em Lamborghinis, Maseratis ou Gormitis.

 

Que lhes façam muito bom proveito. Não tenho nada com isso!

 

Não sinto, sinceramente, a menor inveja.

 

Mas acho justa e adequada a designação de circo que o Manuel José utilizou.

 

Assenta, como uma luva, ao espectáculo que se montou à volta da Selecção.

 

Também me parece não ser a forma de preparar uma prova como a que vai começar.

 

Não augura nada de bom. Oxalá esteja errado!

 

Mas receio muito que, no regresso, o circo seja diferente, e que seja necessária uma porta das traseiras para os craques saírem. Não gostaria de os ver sair pela porta dos traseiros!|

 

Oxalá me engane!

 

Também acho que, num país à beira da bancarrota, em que o número de pessoas que passam fome aumenta todos os dias, num país sem esperança e sem futuro, em que o drama das dificuldades das famílias atinge dimensões de desespero, o espectáculo do desfile de Lamborghinis e Maseratis  dos craques à chegada à concentração é, no mínimo, indecoroso.

 

È uma afronta aos milhares de desempregados que lutam desesperadamente pela sobrevivência.

 

Aos que, por faltam de alternativas, procuram na emigração essa mesma sobrevivência.

 

È uma questão de decoro. De recato. Em seu lugar, de desprezo pelos outros.

 

E é principalmente uma questão de respeito. Aliás, de falta dele.

 

Como o é também que ninguém tenha ensinado ao capitão da equipa a forma correcta de se dirigir ao Chefe do Estado.

 

Há mínimos.

 

O capitão de equipa pode ser o melhor jogador do mundo, pode ganhar muito dinheiro e ser muito rico, mas não tem estatuto (ninguém aliás o tem) para tratar o Chefe do Estado, numa cerimónia formal por “você”!

 

Independentemente de se gostar ou não da pessoa que ocupa tal cargo.

 

Só faltou trata-lo por “Sr. Aníbal”!

 

Não aprendi o Hino Nacional nos estádios de futebol, nem ponho a Bandeira Nacional à janela da minha casa. Deixo isso para os “Portugalistas“ por analogia com os Sportinguistas, Benfiquistas ou Portistas. Tive, durante a minha vida, o previlégio de outras maneiras de honrar essa Bandeira.

 

Adoro futebol! Mas também gosto das coisas no seu devido lugar.

 

Sonho com o sucesso da nossa Selecção!

 

Faço votos que a nossa Selecção ganhe àquelas cujos jogadores chegaram à concentração de táxi ou autocarro ou que não desfilaram de charrete.

 

P.S.: Que não se veja nas minhas palavras qualquer despeito por nunca ter sido convidado para Seleccionador Nacional

publicado por jpargana às 15:46

Este blog é uma colectânea de reflexões do autor sobre temas de interesse geral e da sociedade e ambiente que o rodeiam.
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