Sempre gostei muito do Figo.
Exceptuando uma birra (?) que julgo que ficou mal explicada (o que talvez ateste o estilo de sobriedade e discrição do jogador), quando declarou não mais jogar na Selecção, voltando depois atrás com essa decisão, considerei-o sempre uma figura de referência naquela Indústria.
Uma postura discreta, serena, carismática, que se afirmou como exemplo para os mais jovens, Capitão indiscutível de uma Selecção de grandes valores.
Isso, a par de uma vida pessoal e familiar que soube sempre proteger de forma exemplar.
Considerei-o sempre uma figura que dignificava a sua profissão.
Os adeptos do Barcelona chamaram-lhe “pesetero” aquando da sua transferência (julgo que a mais cara, ou das mais caras, até então) para o Real Madrid.
Não acho que tenham razão. É um negócio normal naquela indústria. Ele e a sua organização têm o dever de fazer o melhor e de ganhar o mais possível numa profissão necessáriamente efémera.
Mas com dignidade. Com jogo limpo. Sem batota.
Por favor: esperar que alguém acredite que o pequeno-almoço com um candidato a Primeiro-ministro, na véspera das eleições, rodeado de comunicação social, se deveu a uma atitude pessoal e generosa e a uma feliz coincidência, e não a uma contrapartida “por debaixo da mesa” ?!?
É, de facto, obsceno.
Não havia necessidade!