Se o Sr. Qualquer Coisa não tem respeito por si próprio, eu não tenho nada com isso! É um problema do Sr. Qualquer Coisa.
Mas se esse senhor ou outro qualquer for, por exemplo, Primeiro-Ministro, o mínimo que dele terá que se exigir é que tenha respeito pela dignidade do seu Cargo.
O Sr. Qualquer Coisa, enquanto tal, tem o direito de ser troca-tintas, de dar o dito por não dito, de dizer que disse, que não disse, que não sabia de todo, que não sabia oficialmente, até tem o direito de se envolver nas maiores trapalhadas e negociatas menos claras, de usar diplomas rasurados a lápis, a esferográfica ou a aguarela, mais que duvidosos e emitidos em igualmente duvidosas circunstâncias.
O Sr. Qualquer Coisa, enquanto tal, tem o direito de dizer que acha a coisa mais natural do mundo e uma feliz coincidência uma grande figura do futebol mundial querer vir a correr tomar um pequeno almoço com ele, por acaso, e por razões meramente pessoais, com a presença de toda a comunicação social, por feliz coincidência, exactamente na véspera de um umas eleições em que o Sr. Qualquer Coisa é candidato. È problema dele, e se não for apanhado, não é vergonha, que é um sentimento que não conhece.
Mas, se esse senhor ou outro qualquer for candidato a Primeiro-Ministro do Governo do seu País, já não tem o direito de permitir que alguém pense que ele foi capaz de um comportamento semelhante ao que o Sr. Qualquer Coisa podia ter.
O Sr. Qualquer Coisa pode pensar que vale tudo, desde que se alcancem os fins. Pode até pensar que o Povo que o elege é parvo, e que não merece melhor.
Um Primeiro Ministro não pode pensar assim. Tem que estar acima de qualquer suspeita. É uma Instituição. Tem que respeitar-se.
E a pessoa que ocupa o Cargo tem que respeitar e honrar “a farda que veste”. E o Povo, que o elege, tem que o exigir. A isso obriga a Democracia!