Também acredito que não há democracia representativa sem partidos políticos (mais do que um).
Pelo menos, ainda não foi inventada, que eu saiba.
Mas em tempo de austeridade, em que tantos sacrifícios são impostos (e não, como se diz, pedidos) ao Povo, há que pôr a imaginação a trabalhar para ajudar o Estado a dar o exemplo, cortando os seus custos e aumentando a sua eficácia.
Aqui vai, pois, o meu modesto contributo:
A menos que eu tenha andado desatento, quem escolhe os candidatos a deputados é a cúpula (aliás o líder) de cada partido.
Igualmente, e ainda a menos que eu tenha andado desatento, aquilo que, após as eleições, os deputados vão propor e decidir pelo voto, é aquilo que a cúpula (aliás o líder) de cada partido previamente decidir.
Então, os deputados têm por missão dar formalização democrática às decisões já tomadas pelas cúpulas (aliás, pelos lideres ou chefes) dos seus partidos.
Então, para isso, serão necessárias centenas de deputados?
Acho que não.
Para isso, bastam um deputado por cada partido.
Claro que a cada um deles seriam atribuídos os votos correspondentes ao respectivo resultado eleitoral (em percentagem). Assim se manteria o peso relativo de cada um e a verdade democrática das eleições.
Imaginem-se as enormes vantagens!
A redução dos custos em salários!
Em pensões (Até se davam de barato as reformas por inteiro após dois mandatos e a afronta que isso representa)!
Em viagens!
Em ajudas de custo!
Em computadores!
Em assessores!
Em assessores de assessores!
Em todos os outros custos de funcionamento (?!)!
Em instalações! (Uma pequena sala, com a dignidade adequada, seria suficiente. O resto do Parlamento poderia ser mantido e rentabilizado com visitas pagas e guiadas para turistas).
E o que se ganharia em dignificação?
Sem deputados a dormir em pleno plenário!
Sem deputados faltosos, que só lá vão quando a cúpula (aliás o chefe, o líder do partido) mandar, porque há uma votação importante!
Sem a terrível dúvida de saber o que realmente anda lá a fazer toda aquela gente, cuja grande maioria nunca abriu a boca, nunca tomou uma iniciativa e nunca fez mais nada além de número para votar naquilo que o líder mandou!
Sem a triste mas generalizada convicção de que a maioria dos deputados só lá está porque não servem para mais nada!
Sem a crença também generalizada de que não há sobrevivência sem a servidão a um partido e a uma carreira política em alternativa à emigração!
E o que se ganharia em moralização da nossa vida colectiva!
Mas mais, muito mais:
Imagine-se só o que se pouparia se o mesmo sistema se aplicasse às Assembleias Municipais!
E às Assembleias de Freguesia!
E às Autarquias e a todos os demais órgãos e assembleias de representação partidária, que, perdoem-me a ignorância, não sou capaz de nomear!
P. S. (de Post-Scriptum, entendamo-nos!): Não refiro aqui os futuros órgãos regionais, dos quais fomos salvos pela Comissão de Credores (perdoem-me: não gosto da designação “troika”).