Sempre achei que, para tudo nesta vida, temos que ter um critério.
Um método.
Uma regra.
Nem que seja para apostar no Euromilhões.
A propósito, não resisto em contar algumas das minhas experiências de vida.
Sei que muitos dos que me lerem, vão achar (ou confirmar a sua convicção) que sou um tipo quadrado, tacanho, de direita, uma mente retrógrada sem remédio, um caso perdido.
Eu próprio reconheço que faço alguma gala em afrontar o politicamente correcto.
Paciência. Sempre assim foi. É tarde para mudar.
Aqui vai uma das tais experiências:
Estávamos em 1979, ainda em plena ressaca do PREC (que me pergunto se já terminou), em que os símbolos da “longa noite“ (gravata, tratamento cortês, etc.) assustavam as pessoas, que não queriam ser acusadas de colaboração com o antigo regime, e em que se instalou a terrível confusão entre cortesia (e as antigas “boas maneiras”) e servilismo.
Tinha acabado de constituir a minha empresa, e estava a instalar-me no escritório que graças ao Jorge Santana, o Gastão de Vasconcelos (de muito saudosa memória) pôs ao meu dispor, para me ajudar no lançamento.
Nunca conseguirei dar suficiente testemunho da minha gratidão aos dois. Sem eles, aquela minha aventura não teria tido qualquer sucesso. É um privilégio ter amigos assim.
A empresa, nessa altura, eram duas pessoas: eu e a minha secretária, que também era (e felizmente ainda é) minha mulher (só já não é minha secretária).
Constituída a empresa, havia que abrir conta num Banco, com quem iríamos trabalhar.
Na zona, havia vários. Qual escolher?
- Simples – disse eu à minha mulher e secretária -: Entras em todos, contas o número total de funcionários e o número deles que têm gravata. Escolhemos o que tiver maior proporção de gravatas!
Assim foi feito. Se outro critério melhor haveria, não chegámos a saber.