Tenho 71 anos de idade.
Desde miúdo, toda a gente me disse que poupar é uma virtude. O meu Pai ensinou-me “que não devia estender o pé para além do lençol”. Acreditei nele e segui sempre o seu conselho. Ao longo da vida fui ouvindo que poupar era a forma mais segura de manter na velhice a qualidade de vida a que me habituei enquanto trabalhei. Acreditei.
Sempre me apavorou a perspectiva de ser, na velhice, um fardo para a família ou para a sociedade.
Nunca fui a Cancún nem à República Dominicana. Nem de férias ao Brasil, pagas a suaves prestações.
O meu carro não tem GPS. Aliás, todos os carros que tive, tiveram que me servir mais de cinco anos, apesar de comprados em segunda mão.
Quis a sorte que eu herdasse um nome respeitado e um pequeno património. Procurei ser digno desse nome e honrá-lo, e respeitar esse património, investindo na sua conservação. Poupei e investi, melhorando e aumentando esse património.
O meu Pai dizia-me que era minha obrigação deixar aos meus filhos mais do que ele me deixava a mim. Acreditei. E procurei seguir o seu ensinamento.
Toda a minha vida poupei.
Fui enganado!
Afinal, poupei para quê?
Para pagar impostos!
Já tive que resgatar os meus PPR para pagar impostos e vou ter que vender património para continuar a pagá-los.
Quando as pessoas como eu tiverem resgatado todos os seus PPR e vendido o seu património, pergunto: a quem vão ser aumentados os impostos?????