Eu tive um sonho.
Sonhei que um dia veria o meu rio sempre com água.
Sonhei que veria barcos amarrados ao cais, e vida no Arade.
Sonhei que a ponte romana tinha sido pintada e dotada de iluminação cénica (Polis, Plano Estratégico, pag 6). E que as escadarias do cais eram, de vez em quando, lavadas (ou pelo menos, mangueiradas).
Sonhei que, a partir da Primavera, pelo menos um dia por semana, veria o passeio ribeirinho de Silves e a ponte romana com pequenas tendas de artesanato e artistas a pintar ou a vender as suas obras. Ou com pequenos mercados temáticos (frutos secos? Flores? Citrinos? Doces e produtos regionais?).
E que Silves era por isso conhecida em todo o Algarve. Que de todo o Algarve vinha gente.
Sonhei que Silves não tinha para oferecer apenas uma feira medieval, de sucesso garantido, mas igual à que pode ser vista em qualquer vila ou cidade do País.
E que veria as esplanadas da baixa de Silves cheias de gente. Gente da terra. E visitantes, a lanchar e a descansar do passeio pela zona histórica, ou a fazer tempo para o barco de regresso.
Sonhei que todas as ruas do centro histórico tinham sido dignificadas, e que na sequência de uma adequada e eficaz política, a antiga Almedina tinha condições para a fixação e vida das famílias. E que já não haviam casas em ruínas.
Sonhei tudo isso. E sonharei muito mais. Enquanto não for proibido.