Rua do Saco

Abril 10 2011

Li o artigo do Professor Campos e Cunha no “Público“ em que denuncia a jogada de antecipação do governo para lançar para a oposição as culpas pelo que estamos a passar, usurpando o lugar de vítima, situação que o autor compara a um filme de terror em que Drácula culpa a vítima e lhe rouba o lugar.

 

Temos que reconhecer, por muito que nos custe, que foi uma jogada de mestre, o que não surpreende, pois neste tipo de jogadas é que o autor (da jogada) é mestre.

 

Mestre do vale-tudo, em que a culpa é sempre dos outros, das cabalas dos outros, da incompreensão dos outros, das más e obscuras intenções dos outros, da ingratidão dos outros.

 

Foi, de facto uma golpada genial, e temos que reconhecer que a oposição, e em particular o líder do seu principal partido, engoliu não só o isco, mas a chumbada, a bóia, o carreto e a cana.

 

Resultou em cheio!

 

E já vimos como vai ser a campanha eleitoral:

 

A partir de agora, tudo o que nos vai acontecer, a culpa é da oposição e do seu principal partido!

 

Não há passado, ou todo o passado não interessa!

 

O que interessa é ganhar as eleições e manter o poder a qualquer preço, nem que seja à custa de golpadas que prejudiquem, em última análise, o País em risco.

 

Se não fossem coisas tão sérias, até manifestaríamos a nossa admiração.

 

Pelo menos, nisto, há competência!

 

Não ficaremos (pelo menos eu não ficarei) surpreendidos se, num futuro próximo, o pedido de auxílio for utilizado por este senhor como sendo a salvação que ele (e mais ninguém) encontrou para o País, colhendo todos os louros pela iniciativa, e usurpando o lugar de Salvador da Pátria.

 

Mas há motivos de alívio:

 

É que agora, até o Sr. Qualquer Coisa e mais a sua camarilha podem ganhar as eleições.

 

Tanto faz.

 

Quem ganhar vai ter que governar com uma cartilha imposta de fora, pelos credores, e tem que a cumprir.

 

Há uma garantia.

 

Estão os políticos dispensados de prometer o que quer que seja que não venha na cartilha.

 

A campanha eleitoral pode ser simplificada: apenas há que escolher quem melhor saiba ler, escrever e contar para seguir a cartilha.

 

A menos que tenha razão aquele Governador (ou General?) Romano que dizia, no seu relatório para Roma:

 

“Há no extremo ocidental da Hispânia um estranho Povo: não se governa nem se deixa governar”.

 

 

publicado por jpargana às 23:49

Este blog é uma colectânea de reflexões do autor sobre temas de interesse geral e da sociedade e ambiente que o rodeiam.
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