Rua do Saco

Julho 12 2012

Ex.mo Senhor

 

Primeiro-Ministro do Governo de Portugal

 

Excelência:

 

Manifesto, antes de mais, o meu profundo pesar pela desilusão que V. Ex.ª tem sido para mim.

 

Não porque eu seja social-democrata (que desde já esclareço que não sou), nem porque V. Ex.ª seja, como dizem por aí, neo-liberal (que duvido que seja (aliás, eu até nem sei bem o que isso é)).

 

Porque V. Exª mentiu. E mentiu deliberadamente.

 

Descaradamente.

 

Pior: desnecessáriamente.

 

V. Exª teve a oportunidade que, penso, nenhum outro político teve em toda a História do nosso País:

 

V. Exª teve a oportunidade de ganhar umas eleições sem mentir!

 

V. Exª teve a oportunidade de ganhar umas eleições sem prometer o que quer que fosse!

 

Bastava-lhe ficar calado.

 

Quieto!

 

Sem mexer!

 

Sem dizer nada!

 

O seu antecessor e adversário faria todo o trabalho para a vitória não escapar e cair de bandeja no colo de V. Exª.

 

Em Outubro de 2010, neste modesto espaço, com o título “O silêncio é de ouro”, publiquei um, “post” com a minha modesta homenagem aos ensinamentos do Mestre Valente, que eu pensei poderem constituir sábios conselhos para V. Exª  e para o seu partido.

 

V. Exª não leu.

 

Não quis saber. Preferiu mentir.

 

Já sei que a minha opinião não interessa a V. Exª

 

V. Exª não ma pediu. Mas aqui vai:

 

Mais vale perder com verdade que ganhar com mentira!

 

Mais vale perder por não prometer nada que ganhar por prometer aquilo que se sabe não poder cumprir!

 

Acredite V. Exª no quanto lamento que nisso (espero que apenas nisso), V. Exª não é diferente do seu antecessor.

 

Não me venha V. Exª com a história de que, em política, quem diz a verdade não ganha eleições.

 

Não é verdade.

 

Não nestas!

 

Não me venha V. Exª com a história de que não sabia qual era a situação.

 

Ninguém com honestidade pode candidatar-se a um cargo como o que estava em causa e que hoje é o de V. Exª, e alegar, depois, que não conhecia a realidade em toda a sua extensão.

 

Se não sabia, não devia candidatar-se. Essa era a atitude honesta.

 

Se se candidata, assume o integral prévio estudo e conhecimento da situação e, em nenhuma circunstância lhe é legítimo alegar ignorância.

 

Desculpe V. Exª, mas essa dos “esqueletos no armário” não cola. É esfarrapada. De mau pagador, que não é a conta em que tinha V. Exª.

 

Onde foi parar a declaração pública e solene feita ao seu antecessor que não contasse com o seu partido para exigir mais esforços e aumentar mais impostos aos Portugueses?

 

Onde está a esperada moralização da vida pública, e do exemplo que deve vir de cima?

 

Onde está o corte nas gorduras do Estado?

 

Onde está a intervenção do lado da despesa, reduzindo-a?

 

Onde estão as reformas estruturais?

 

Quais foram as Empresas Públicas, os Institutos, Fundações e outras estruturas inúteis e os demais desperdícios que foram eliminados?

 

Nós acreditámos, Sr. Primeiro-Ministro. E fomos enganados.

 

Não havia necessidade!!!!!

 

Com os meus respeitosos cumprimentos, pesaroso me subscrevo

 

 

De V. Exª

 

Atentamente

 

(João José Gonçalves Pargana)

 

 

publicado por jpargana às 20:58

Este blog é uma colectânea de reflexões do autor sobre temas de interesse geral e da sociedade e ambiente que o rodeiam.
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